Grande Caetano! Devo confessar que , quando comecei a gostar mesmo de música, ganhei de aniversário de 14 anos o disco Cores e Nomes. Nesta época dos vinis, os discos eram muito caros e eu tinha poucos. Lembro-me do Deep Purple, T. Rex, Warhorse, Bob Marley, Emerson Lake & Palmer, Bob Dylan e agora, tinha um do Caetano. No começo, achei estranho, tinha uma música que ele dizia que beijava um homem na boca, e para a época e o mundo que vivia, não achei legal. Mas ouvia... E depois de um tempo, já cantarolava Sina, Queixa... E por muito tempo, Caetano foi para mim, um cantor de MPB e só tinha aquele disco. Tempos depois, na faculdade tive namoradas e amigos que realmente me apresentaram ao Sr. Caetano Veloso. Foi com muito prazer que descobri sua obra... Ao ouvir uma faixa do LP "A Arte de Caetano...", É Proibido Proibir, admirei sua atitude. Tenho todos os discos, conheço e admiro sua história. Sei que há muitas controvérsias, que Caetano não é unânime, mas este cara faz parte da história musical do Brasil. Suas participações nos festivais, lá no final da década de 70, seu exílio, sua música e suas influências são uma grande hístória que vale a pena ser lida, contada e guardada. É bom também que a moçada de hoje saiba que, atrás daquele senhor intelectual, de melodia suave e letras líricas, há um jovem questionador, que desafiou muita coisa, que foi perseguido pela polícia, foi exilado e iniciou um negócio estranho de música universal... Caro Caetano, um grande abraço e que surjam outros Caetanos neste nosso mundo...
Uma passagem interessante que vale a pena ser lida.
Adaptado de ( http://sambasafari.wordpress.com/2011/03/02/caetano-veloso-transa-1972/ ).
Adaptado de ( http://sambasafari.wordpress.com/2011/03/02/caetano-veloso-transa-1972/ ).
No dia 27 de dezembro de 1968, os maiores expoentes da música brasileira, Caetano Veloso e Gilberto Gil, foram presos pelo regime militar sem qualquer alegação plausível. Obviamente suas participações em passeatas, movimentos estudantis e principalmente, suas condutas revolucionárias, não eram vistas com bons olhos pelo governo. Os dois passaram por celas de diversos quartéis no Rio de Janeiro, onde tiveram suas vidas marcadas para sempre pelo cárcere.
Durante este período, foram compostas em cela algumas canções que ficariam muito conhecidas, como “Irene”, onde Caetano canta a saudade da alegria e de sua irmã (Eu quero ir, minha gente / Eu não sou daqui / Eu não tenho nada / Quero ver Irene rir / Quero ver Irene dar sua risada), e Cérebro Eletrônico, uma das mais geniais canções de Gil.
Após dois meses de confinamento, numa quarta-feira de cinzas, os dois baianos foram conduzidos a Salvador, onde passariam outros quatro meses em regime de prisão domiciliar. Na metade do ano de 1969, o governo militar, com os poderes que o Ato Institucional número 5 lhe conferiam, decidiu expulsar Caetano e Gil do país. Fora permitido, embora, que realizassem um último show para arrecadar dinheiro para sua viagem forçada.
Nos dias 20 e 21 de julho, os dois principais tropicalistas faziam seu último show em terras brasileiras antes do exílio, em uma apresentação que virou disco, o sensacional Barra 69. Poucos dias depois, Gil e Caetano eram acompanhados por militares até um avião, onde embarcavam para Londres sob a seguinte advertência: “Só voltem se forem autorizados”.
O exílio foi para Caetano tão duro quanto deveria ser. Desenraizado à força, o poeta mergulhou de cabeça em um estado tão depressivo como a própria aparência de Londres. Em um dos artigos que escrevia para o Pasquim, direto do exílio, Caetano afirmou sobre ele e Gil: “Estamos mortos”. Afinal, que é o exílio senão a morte do homem como cidadão.
Apesar das tristezas, em uma das noites frias em Londres, Caetano receberia um visitante que trazia milhões de abraços em sua mala, todo o carinho do povo que aqui ficou, representado pela figura de seu rei, Roberto Carlos. Naquela noite, os últimos versos de “As Curvas da Estrada de Santos” seriam sucedidos pelo mais sincero pranto de Caetano. Segundo ele, foi este o momento que tocou o rei e o inspirou para a canção “Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos”.
Neste período, Caetano gravaria o melancólico disco de 1971, cuja capa trazia apenas seu rosto, fechado, e a profundidade de seu olhar, que traduzia fielmente seu estado de espírito. No mesmo ano, graças ao esforço de sua irmã Bethânia aqui no Brasil, Caetano conseguiria uma permissão especial do governo para retornar ao Brasil, apenas para assistir a missa em comemoração aos 40 anos de casamento de seus pais.
No dia da volta de Caetano, Bethânia, acompanhada do cineasta Gláuber Rocha e de Luiz Carlos Maciel, um dos fundadores do Pasquim, esperou por longas horas a chegada de seu irmão. Enquanto era aguardado em casa, Caetano passava por um interrogatório, após ser recebido no aeroporto pelos militares. Entre perguntas e mais perguntas, Caetano seria pressionado a escrever uma canção saudando a construção da Transamazônica. De volta à Londres, Caetano convoca um time de peso para dar o passo que o consagraria como visionário cultural, revolucionário musical e semeador da libertação intelectual. Acompanhado dos amigos Jards Macalé, Tutti Moreno, Moacyr Albuquerque e Áureo de Souza, Caetano grava o disco Transa, sua obra de mergulhos mais profundos na alma do ouvinte e, principalmente, do compositor.
Seguem fotos de alguns momentos de Caetano.
Olha a Bethania... Que mulher linda!!!!
Caetano tem muitos discos bons, principalemte os de 70 e 80. Seguem os nossos escolhidos:
Este tem a faixa´"É Proibido Proibir" ...
Este disco é bom demais. Foi vendido em bancas de jornais na época. E traz bons exemplos da fase inicial do Sr. Veloso.
Palhinha: ( http://youtu.be/mCM2MvnMt3c )
Exilado em Londres em 1972, Caetano Veloso fez um disco ímpar na sua discografia e na música brasileira: Transa. Marcado pelo tema da saudade e do estranhamento em terras distantes, o cantor faz diversas pontes entre o lá e o cá, entre o clássico e o popular, entre as duas línguas em que se dividia sua vida naquele momento. Além disso, trata-se de uma obra onde as pesquisas musicais do tropicalismo atingiram talvez seu melhor resultado.
No disco anterior, Caetano Veloso, do ano anterior, alguns desses temas já apareciam, especialmente na pungente versão de "Asa Branca" e na clássica "London London" (depois regravada com sucesso, entretanto destacada de seu contexto original, pelo RPM em seu multiplatinado "Rádio Pirata ao Vivo"). Entretanto, o que era apenas implícito no disco antecedente, aqui fica totalmente à mostra.
O disco se abre com "You Don't Know Me" (o link abre para a canção no Youtube), bem acabada mistura de bossa nova e rock'n roll, em cuja letra o baiano mostra-se indecifrável e sozinho e também se revela fruto da miscigenação brasileira (na citação de Carlos Lyra: "Nasci lá na Bahia de mucama com feitor"). Em seqüência, "Nine Out Of Ten", que escancara a sensação de estar vivo ("Feel the sound of music banging in my belly") apesar da tristeza e da nostalgia que o abate na terra da Rainha ("Nine out of ten movie stars make me cry, but I'm alive").
Evocando ao mesmo tempo Gregório de Matos (a fim de criticar os mandos e desmandos vigentes na pátria tupiniquim: "Triste Bahia/a mim vem me trocando e tem trocado/tanto negócio e tanto negociante") e canções de roda, "Triste Bahia" é uma longa litania onde se destacam o ritmo forte da percussão e a final mensagem de paz ("Trago no peito a estrela do norte/Bandeira banca enfiada em pau forte").
"It's a Long Way" cita Beatles, Caymmi e Vinicius de Moraes para mais uma vez reiterar a idéia da saudade e de que ainda havia um longo caminho a percorrer para chegar à liberdade. "Mora na Filosofia", samba de morro de Monsueto e Arnaldo Passos, é outro exemplo do aperfeiçoamento do Tropicalismo: recupera uma canção tida como brega, assim como em Tropicália ou Panis et Circences, quando regravou "Coração Materno" do ébrio Vicente Celestino. "Nostalgia (That's What Rock'n Roll Is All About)", um rock alegre, pra cima, de certa forma metalingüístico, encerra o álbum cantando sobre o que faz o rock - e a música em geral - ser o que é.
De volta à pátria, Caetano adentrou canaviais complexos em Araçá Azul (de 73), brincou com a simplicidade em Jóia/Qualquer Coisa (ambos de 75), soltou a franga no final dos anos 70 com o disco Bicho, começou uma carreira de intérprete nos anos 90 (em algumas horas acertada, em Fina Estampa, outras tantas muito frustrante, como em A Foreign Sound) e de tempos em tempos, irrompe com declarações bombásticas e momentos cômicos ("Ême-tê-vê, bota essa p**** pra funcionar!").
As impressões digitais de Transa estão bem presentes no cenário de hoje: é possível senti-las tanto em Chico Science & Nação Zumbi quanto no Skank, passando pelos cariocas da Orquestra Imperial e pelo samba-rock-afoxé do alagoano Wado. Em busca de renovação, o próprio Caetano revisita o conteúdo do álbum, como fez recentemente em seu Zii e Zie, um disco de "transambas", segundo o cantor. Enfim, ouso dizer: este é o melhor disco de Caetano - o que você está esperando para transá-lo?
Este foi meu primeiro disco do Caetano.
Tornou-se referência de carreira do cantor, com músicas de sucesso como "Queixa", "Trem Das Cores", "Meu Bem, Meu Mal" (posteriormente gravada por Gal Costa) e "Ele Me Deu Um Beijo Na Boca". Sem falar na clássica Sonhos de Peninha.
Este álbum lembra uma época de ouro, na faculdade... Lembra amores, baladinhas, amigos, conhecidos...
Divirtam-se...