sábado, 1 de setembro de 2012

Festivais de Música Popular Brasileira

A postagem de hoje é para relembrar os Grandes Festivais de Música Popular Brasileira. Uma época que o país parava para cultuar a música, e a música era o instrumento mais original de comunicação, de protesto.
O país, nas décadas de 60 e 70 era bem diferente, e com a Ditadura Militar e a famosa Censura, a criação cultural sofreu diversos cortes, artistas foram perseguidos, exilados, e a música brasileira nunca mais foi a mesma depois destes episódios.

Após a instauração do regime militar no Brasil em março de 1964, uma facção da sociedade brasileira se levantou contra o amordaçamento da democracia no país: a da juventude universitária.
De 1965 a 1972 essa classe estudantil exerceu uma pressão que assumiria proporções inéditas, concentrando-se numa arma jamais utilizada em confrontos semelhantes: canções, cuja “munição” estava nas letras dos compositores de festivais.
Esse período notável tornou-se conhecido como a Era dos Festivais e, coincidentemente, foi nesses sete anos que uma privilegiada geração de compositores e cantores surgiu de repente, de uma só vez, numa florada incomparável. Quase quarenta artistas até hoje em atividade e na proa da Música Popular Brasileira.
Adaptado de (  http://weloverocknrollprincipal.blogspot.com/2010/05/historia-dos-festivais-no-brasil.html )

Um exemplo da irreverência destes tempos, a primeira vez que um instrumento foi destruído no palco, foi pelo músico Sergio Ricardo, no III Festival de Música Popular Brasileira, em 1967. Não há registros que Pete Townshend e Jimi Hendrix tenham conhecido Sergio Ricardo, mas com certeza, ele foi o primeiro...

Segundo o livro de Nelson Motta (Noites Tropicais), o público do III Festival de MPB não aprovara a classificação da música Beto Bom de Bola de Sérgio Ricardo e vaiava intensamente. Sérgio não conseguia ouvir a orquestra e nem a própria voz. Depois de várias tentativas, enfureceu-se, e arrebentou o violão no palco, gritando: "Vocês ganharam! Vocês ganharam! Isso é o Brasil subdesenvolvido. Vocês são uns animais!" Para ver o vídeo: ( http://blogs.jovempan.uol.com.br/dofundodobau/2012/08/30/sergio-ricardo-e-o-pinho-quebrado/ )

Voltando a Música, a história da Música Popular Brasileira foi marcada pela presença de inúmeros festivais, promovidos por emissoras de rádio, redes de televisão, teatros e movimentos estudantis. Esses festivais cumpriram (e ainda o fazem na atualidade) a função de revelar intérpretes, compositores e instrumentistas ao grande público.

A segunda metade da década de 1960, em especial, foi marcada pela consagração de artistas que passaram a figurar entre os grandes nomes da MPB, tais como Elis Regina, Edu Lobo, Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Mutantes e Gilberto Gil, entre tantos outros.

Festivais: ( http://youtu.be/YtuPRcCp_90 )


O Festival Nacional de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Excelsior de São Paulo, teve sua primeira edição em 1965 e sua segunda edição em 1966, e apresentou como respectivas vencedoras as canções "Arrastão" (Edu Lobo e Vinicius de Moraes), interpretada por Elis Regina, e “Porta-estandarte” (Geraldo Vandré e Fernando Lona), interpretada por Airto Moreira e Tuca.

Seguem umas palhinhas e alguns álbuns no final:







O Festival da Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record de São Paulo, teve quatro edições, em 1966, 1967, 1968 e 1969, com as seguintes vencedoras:
1966: "A banda" (Chico Buarque) empatada com "Disparada" (Téo de Barros e Geraldo Vandré), a primeira interpretada por Nara Leão e a segunda por Jair Rodrigues;







1967: "Ponteio" (Edu Lobo e Capinam), interpretada por Edu Lobo e Marília Medalha. Vale ainda ressaltar que, nessa edição, a segunda, terceira e quarta colocações foram respectivamente para as canções "Domingo no parque" (Gilberto Gil), interpretada por Gil e Os Mutantes, "Roda viva" (Chico Buarque), interpretada pelo autor e pelo MPB-4, e "Alegria, alegria" (Caetano Veloso), interpretada pelo compositor e pelo grupo argentino Beat Boys;












1968: "São, São Paulo, Meu Amor" (Tom Zé), interpretada por Tom Zé, Canto 4 e Os Brasões, na votação do júri especial, e "Benvinda" (Chico Buarque), interpretada por Chico Buarque e MPB 4, na votação do júri popular;










1969: "Sinal fechado" (Paulinho da Viola), interpretada pelo autor.




Infelizmente só encontrei este álbum:





E duas coletâneas dos festivais:




Em 1980, a TV Globo tentou reviver a época dos festivais, com relativo sucesso. O momento do país era outro.... A TV Globo promoveu na década de 1980 o MPB-80, conferindo o primeiro lugar à canção "Agonia" (Mongol), interpretada por Oswaldo Montenegro, que recebeu o prêmio de Melhor Intérprete na quarta eliminatória. Nesse mesmo festival, Eduardo Dusek ganhou projeção nacional quando defendeu sua composição "Nostradamus". Este festival de 1980 ficou marcado para mim, pois acompanhei e torci para Eduardo Dusek. Nostradamus era demais... Seguem alguns grandes momentos deste festival.

Eduado Dusek - Nostradamus ( http://youtu.be/-sYkWmdmRsc )
Baby Consuelo & Pepeu Gomes - O Mal é o que Sai da Boca do Homem (http://youtu.be/ThFPt4pBYWI)







No ano seguinte, o MPB-81 conferiu a primeira colocação à canção "Purpurina" (Jerônimo Jardim), interpretada por Lucinha Lins. Esse resultado provocou vaias da platéia, que tinha como favorita "Planeta água" (Guilherme Arantes). Lembro muito bem da Lucinha Lins cantando e chorando na apresentação final, no meio de muitas vaias.

Lucinha Lins - Purpurina (http://youtu.be/BC4J3TkVpMY)
Guilherme Arantes - Planeta Água ( http://youtu.be/uAQwD0UXMyo )












Em 1982, foi realizado o MPB-82, no qual Eduardo Dusek foi desclassificado ao apresentar a música "Barrados no baile", de sua autoria, no lugar da música que havia inscrito como concorrente, "Valdirene, a paranormal", também de sua autoria.

Primeiro lugar: ( http://youtu.be/KJr2gJPsMfQ )











Em 1985, também pela TV Globo, foi realizado o "Festivais dos Festivais", evento que revelou a cantora Leila Pinheiro, intérprete da canção "Verde" (Eduardo Gudin e Costa Netto), que recebeu a terceira colocação. O primeiro lugar ficou com "Escrito nas estrelas" (Arnaldo Black e Carlos Rennó), defendida por Tetê Espíndola, que pela primeira vez interpretava, em público, uma canção de amor.

Tetê Espindola: ( http://youtu.be/S0yY-NGjtsI ;  http://youtu.be/ligz5o6R2k4 )










A partir daí, os festivais perderam a força, ou perderam a graça para mim, pois não sei e não acompanhei mais nada. Sorry.

Para fazer esta postagem, consultei os seguintes blogs:



5 comentários:

  1. Se quiser tenho os 3 discos do 3º Festival pra uma próxima postagem ou acrescentar sei lá, basta dizer.
    Enjoy!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  2. Dead, quero sim... se puder disponibilizar, agradeço imensamente... Valeu.

    V.

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  3. Caramba, eu havia esquecido desses festivais da Globo dos anos oitenta. Algumas músicas ficaram , a maioria não. Mas legal ouvi-las novamente.Obrigado pelas belas postagens.
    Dado

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  4. Dois álbuns adicionados: Coletâneas dos Festivais da Record anos 60 e anos 70.
    Divirtam-se

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  5. Gosto bastante de festivais...eu tenho os dois discos do Festival de 80 além de um volume do de 1981. Convido a todos para uma visita ao blog http://amizadevinil.blogspot.com. Neste m~es, matéria sobre o álbum "Lápis de Cor" de Fatima Guedes, que esteve no festival de 1980. Saudações!

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