quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Secos e Molhados - Detalhes de uma Grande Banda


O Secos & Molhados foi um furacão na música brasileira. Trazendo um som inovador, de excelente qualidade, letras muito bem elaboradas e uma presença de palco, uma performance teatral, Secos & Molhados foi notícia em todo o Brasil e parte da América Latina, nos saudosos anos 70. Quando o Som Valvulado foi criado, em 2009, nosso primeiro post foi do S&M, com muito orgulho. Como presente de Natal, gostaríamos de ir mais a fundo sobre esta banda, afinal, a maioria das pessoas conhece apenas os dois primeiros discos, que realmente são os melhores, mas o S&M ficou ativo por muito tempo, e alguns de seus álbuns passaram desapercebidos. Então, vamos lá....


Secos & Molhados foi um grupo musical brasileiro da década de 1970. A formação inicial do grupo era composta por: João Ricardo (violão de doze cordas e gaita), Fred (bongô) e Antônio Carlos, ou Pitoco, como é mais conhecido. O som, completamente diferente à época, fez com que o Kurtisso Negro de propriedade de Peter Thomas, Oswaldo Spiritus e Luiz Antonio Machado no bairro do Bixiga, em São Paulo, local onde o grupo se apresentava, fosse visitado por muitas pessoas, interessadas em conhecer o grupo. Entre os “curiosos” estava a cantora e compositora Luhli, com quem João Ricardo compôs alguns dos maiores sucessos do grupo ("O Vira" e "Fala"). Fred e Pitoco, em julho de 1971, resolvem seguir carreira solo e João Ricardo sai à procura de um vocalista. Por indicação de Heloísa Orosco Borges da Fonseca (Luhli), conhece Ney Matogrosso, que muda-se do Rio de Janeiro para São Paulo. Depois de alguns meses, Gerson Conrad, vizinho de João Ricardo, é incorporado ao grupo. O Secos & Molhados começa a ensaiar e depois de um ano se apresenta no teatro do Meio, do Ruth Escobar, que virou um misto de bar-restaurante chamado "Casa de Badalação e Tédio".


No dia 23 de maio de 1973, o grupo entra no estúdio "Prova" para gravar – em sessões de seis horas ao dia, por quinze dias, em quatro canais – seu primeiro disco, que vendeu mais de 300 mil cópias em apenas dois meses, atingindo um milhão de cópias em pouco tempo. Os Secos & Molhados se tornaram um dos maiores fenômenos da música popular brasileira, batendo todos os recordes de vendagens de discos e público. O disco era formado por treze canções que ao ver da crítica, parecem atuais até os dias de hoje. As canções mais executadas foram "Sangue Latino", "O Vira", e "Rosa de Hiroshima". O disco também destaca inúmeras críticas a ditadura militar que estava implantada no Brasil, em canções como o blues alternativo "Primavera nos Dentes" e o rock progressivo "Assim Assado" – esta de forma mais explícita em versos que personificam uma disputa entre socialismo e capitalismo. Até mesmo a capa do disco foi eleita pela Folha de São Paulo como a melhor de todos os tempos de discos brasileiros.


Secos e Molhados 1973

O sucesso do grupo atraiu a atenção da mídia, que convidou-os para várias participações na televisão. As mais relevantes foram os especiais do programa Fantástico, da Rede Globo. Sempre apareciam com maquiagens inusitadas, roupas diferentes sendo uma das primeiras e poucas bandas brasileiras a aderirem ao glam rock.


Em fevereiro de 1974, fizeram um concerto no Maracanãzinho que bateu todos os índices de público jamais visto no Brasil – enquanto o estádio comportava 30 mil pessoas, outras 90 mil ficaram do lado de fora. Também em 1974 o grupo saiu em turnê internacional que, segundo Ney Matogrosso, gerou oportunidades de criar uma carreira internacional sólida.

Em agosto do mesmo ano, sai o segundo disco de estúdio da banda, que tinha em destaque "Flores Astrais", maior sucesso do disco. Lançamento pouco antes do fim da formação clássica da banda, por brigas internas. Talvez por isso o segundo álbum – sem título, com uma capa preta – não tenha feito tanto sucesso comercial como o primeiro. Mas é bom também...






Para finalizar esta primeira fase do Secos e Molhados, segue um compacto, muito comum na década de 70...

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E um bootleg com gravações raras de apresentações na TV e entrevistas (mais para colecionadores):



Logo após o lançamento do segundo disco, esta formação do Secos e Molhados se desfaz, Por motivos pessoais e financeiros, Ney Matogrosso e Gerson Conrad decidem seguir uma carreira solo e colocam um ponto final nesta primeira fase do S&M. As formações posteriores não conseguiram trazer a mágica de volta. Os músicos eram bons, as canções ótimas, mas faltava algo... Faltava aquele feeling, aquela identificação original, que só algumas bandas tem. E o Brasil chorou...



João Ricardo adquiriu os direitos autorais sob o nome Secos & Molhados, após algumas brigas na justiça, e saiu à busca de novos músicos para que a banda tivesse novas formações. A primeira formação após o fim do grupo em 1974 surgiu em maio de 1978, João Ricardo lança o terceiro disco dos Secos & Molhados com Lili Rodrigues, Wander Taffo, Gel Fernandes e João Ascensão. O terceiro disco foi lançado, e mais um sucesso do grupo – o que seria o último de reconhecimento nacional, e único fora da formação original – "Que Fim Levaram Todas as Flores?", uma das canções mais executada no Brasil naquele ano, o que trouxe o novo grupo de João Ricardo às apresentações televisivas.







No mês de Agosto de 1980, junto com os irmãos Lempé – César e Roberto – o Secos e Molhados lançaram o quarto disco, que não teve muita repercussão.





A quinta formação do grupo nasceu no dia 30 de junho de 1987, com o enigmático Totô Braxil, em um concerto no Palace, em São Paulo. Em maio de 1988 saiu o álbum "A Volta do Gato Preto", que foi o último da década.






Sozinho, em 1999, João Ricardo lançou "Teatro?" mostrando a marca do criador dos Secos e Molhados. E no sno seguinte, seguindo o mesmo esquema, lança "Memória Velha"...










De acordo com o síte oficial da banda, João retomou os trabalhos do grupo em junho de 2011 com a entrada de um novo integrante, Daniel Iasbeck. A dupla lançou em novembro do mesmo ano o álbum autobiográfico intitulado "Chato-boy" Este eu não tenho,,, Segue uma palhunha:





E, até o momento, esta é a história do Secos e Molhados... Uma banda que foi uma febre nacional no início dos anos 70. Lançaram dois discos históricos, e como muitas outras grandes bandas, não lidaram bem com o sucesso repentino e se separaram. Cada um de seus principais integrantes teve uma carreira solo prolífica, e o Secos e Molhados teve várias reformulações e tentativas de retorno... Mas nada comparado com aquela explosão performática musical.

Seguem dois tributos:



Assim Assado - Tributo ao Secos e Molhados é um álbum de 2003 em comemoração aos 30 anos do Secos e Molhados. O disco traz a participação de vários artistas da nova geração reinterpretando todas as faixas do primeiro álbum de 1973 do grupo.

Tracks:
1. "Sangue Latino" (João Ricardo\Paulinho Mendonça) - Nando Reis
2. "O Vira" (J. Ricardo/Luhli) - Falamansa e Maskavo
3. "O Patrão Nosso de Cada Dia" - Toni Garrido
4. "Amor" (J. Ricardo/João Apolinário) - Ira!
5. "Primavera nos Dentes" (J. Ricardo/João Apolinário) - Eduardo Dussek
6. "Assim Assado" (J.Ricardo) - Capital Inicial
7. "Mulher Barriguda" (J. Ricardo/Solano Trindade) - Pitty
8. "El Rey" (Gerson Conrad/J. Ricardo) - Matanza
9. "Rosa de Hiroshima" (Conrad/Vinicius de Moraes) - Arnaldo Antunes
10. "Prece Cósmica" (J. Ricardo/Cassiano Ricardo) - Raimundos
11. "Rondó do Capitão" (J. Ricardo/Manuel Bandeira) - Pato Fu
12. "As Andorinhas" (J. Ricardo/C. Ricardo) - Marcelinho da Lua
13. "Fala" (J. Ricardo/Luhli) - Ritchie




Móbile - Secos & Molhados Instrumental (1974)





DESEJAMOS UM FELIZ NATAL A TODOS!!!!!!

4 comentários:

  1. Os dois primeiros discos são obras primas.. O show do Maracanazinho é um disco bom. O terceiro disco é bonzinho e Wander Taffo ajuda muito. Os demais foram discos feitos sem carinho, sem trabalho de elaboração. Apesar de João ricardo ser um bom músico, os discos não tem alma. Mas valeu o post pelas raridades. Alguns álbuns, eu nem sabia que existiam. Obrigado Valvulados, principalmente pelo Vynil RIP em 320. Um Feliz Ano Novo.

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  2. Um fenômeno da música brasileira, que frustrou os fãs com seu fim precoce.

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  3. Chato-Boy é um disco de 1 música de 29 minutos só. A música é boa, mas com aquele portuga enchendo o saco e interrompendo a música é chato pra caraio mesmo.

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  4. Chato-boy tem alguns lances que gostei, uns riffs e é diferente. Mss é um disco estranho, e talvez o título seja um reconhecimento... O que é interessante neste post, são as várias tentativas de volta do Secos & Molhados, e paralelamente, seus ex-integrantes seguindo em carreira solo (este será um novo post).
    Abraços

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