No nício dos anos 60, Zappa tentava levar uma vida como músico e compositor, e tocou em diferentes apresentações em nightclubs, alguns com uma nova versão dos Blackouts. Financeiramente mais recompensadoras eram as primeiras gravações profissionais de Zappa, duas trilhas sonoras para os filmes de baixo orçamento The World's Greatest Sinner (1962) e Run Home Slow (1965). O primeiro trabalho foi comissionado pelo ator-produtor Timothy Carey e gravado em 1961. Ele contém muitos temas que apareceram em gravações posteriores de Zappa. A outra trilha foi gravada em 1963 depois que o filme foi completado, mas foi comissionado por um dos antigos professores de Zappa no ensino médio em 1959 e Zappa possivelmente tenha trabalhado nela depois das filmagens. Trechos da trilha sonora podem ser ouvidos no álbum póstumo The Lost Episodes (1996). Durante o início da década de 1960, Zappa escreveu e produziu canções para outros artistas locais, trabalhando frequentemente com o cantor e compositor Ray Collins e com o produtor Paul Buff. A sua "Memories of El Monte" foi gravada pelos The Penguins (apesar de apenas Cleve Duncan do grupo original ter sido apresentado). Buff possuía o pequeno Pal Recording Studio em Cucamonga, que incluía um único gravador de fita de cinco canais que ele montou. Naquele tempo, apenas os mais sofisticados estúdios comerciais tenham instalações com múltiplos canais; o padrão da indústria para pequenos estúdios era ainda mono ou de dois canais. Apesar de nenhuma das gravações do período ter atingido maior sucesso comercial, Zappa ganhou dinheiro suficiente para permiti-lo organizar um concerto da sua música orquestral em 1963, transmiti-lo e gravá-lo. Ele apareceu no programa sindicado noturno de Steve Allen no mesmo ano, no qual ele tocou uma bicicleta como instrumento musical. Com Captain Beefheart, Zappa gravou alguns sons sob o nome de The Soots. Eles foram rejeitados pela Dot Records por não ter "potencial comercial"; uma frase que Zappa usou posteriormente no encarte do álbum Freak Out! Em 1964, depois de seu casamento começar a se desmanchar, ele se mudou para o Pal studio e começou a trabalhar 12 horas ou mais por dia rotineiramente gravando e experimentando com overdubbing e manipulação de áudio. Isso estabeleceu um padrão de trabalho que durou pela maior parte de sua vida. Ajudado pelos seus ganhos da composição do filme, Zappa assumiu o estúdio de Paul Buff, que estava agora trabalhando com Art Laboe no Original Sound. Ele foi renomeado como Studio Z. O Studio Z foi raramente reservado para gravações de outros músicos. Ao invés disso, amigos foram para lá, notavelmente James "Motorhead" Sherwood. Zappa começou a atuar como guitarrista com um power trio, The Muthers, em bares locais para sustentá-lo.
Um artigo na imprensa local descrevendo Zappa como "o Rei dos Filmes de Cucamonga" levou a polícia local a suspeitar que ele estava fazendo filmes pornográficos. Em março de 1965, Zappa foi abordado por um oficial secreto da polícia e aceitou uma oferta de US$100 para produzir uma sugestiva fita de áudio para uma suposta despedida de solteiro. Zappa e uma amiga fingiram uma gravação erótica. Quando Zappa estava prestes a entregar a fita, foi preso, e a polícia recolheu do estúdio todo o material gravado. A imprensa especulava antecipadamente, e o The Daily Report do dia seguinte escreveu que "investigações do Vice Squad calaram os produtores da gravação de livre balanço, um produtivo estúdio de filmagem e gravação nesta sexta-feira e prenderam um produtor de filmes de estilo próprio". Zappa foi acusado de "conspiração para cometer pornografia". Essa acusação foi reduzida e ele foi sentenciado a seis meses de cadeia atenuada, com todos menos dez dias, foi suspenso. O seu encarceramento e breve aprisionamento deixou-lhe uma marca e foi chave na formação do seu posicionamento antiautoritário. Zappa perdeu algumas gravações feitas no Studio Z no processo, assim como a polícia devolveu apenas 30 das 80 horas de fitas apreendidas. Afinal, ele não pôde mais pagar o aluguel do estúdio e foi despejado.45 Zappa tentou recuperar algumas de suas posses antes de o estúdio ser demolido em 1966.
E agora, The Mothers of Invention:
Em 1965, Zappa foi abordado por Ray Collins, que o convidou a se unir uma banda local de R&B, a The Soul Giants, como guitarrista. Zappa aceitou e logo assumiu a liderança e o papel de cantor co-principal (mesmo que ele nunca tivesse se considerado um cantor). Ele convenceu os outros membros de que deveriam tocar a sua música para aumentar as chances de ter um contrato de gravação. A banda foi nomeada The Mothers, coincidentemente no dia das mães nos EUA. O grupo aumentou as suas receitas depois de começar uma associação com o empresário Herb Cohen, enquanto eles gradualmente ganhavam atenção na florescente cena de música underground de Los Angeles. No início de 1966, eles foram vistos pelo produtor de gravação Tom Wilson enquanto tocavam "Trouble Every Day", uma canção sobre os acontecimentos de Watts em 1965 (um levante em Los Angeles contra a brutalidade policial e injustiças raciais sofridas por negros americanos). Wilson era conhecido por ser o produtor do cantor e compositor de Bob Dylan e da dupla de folk-rock Simon & Garfunkel, e era notável como um dos poucos negros trabalhando como produtor em uma empresa de música pop naquele tempo. Wilson assinou a The Mothers com a Verve Records, uma divisão da MGM Records, que teve construída uma forte reputação na indústria musical pelos seus lançamentos de gravações de jazz moderno nas décadas de 1940 e 1950, mas estava tentando se diversificar para audiências de pop e rock. A Verve insistiu para que a banda oficialmente mudasse de nome para "The Mothers of Invention" porque "Mother" ("Mãe") em gíria, era a forma curta para "motherfucker" (em tradução livre, "filho da puta") - um termo que à parte dos seus significados ofensivos pode denotar um músico habilidoso.
Álbum de estréia: Freak Out! (1966)
Com Wilson creditado como produtor, a The Mothers of Invention e uma orquestra de estúdio gravaram o inovador álbum duplo Freak Out! (1966). Ele misturava R&B, doo-wop e colagens de som experimentais que capturavam a subcultura "freak" de Los Angeles naquela época. O álbum imediatamente estabeleceu Zappa como uma nova voz radical no rock, provendo um antídoto para a "implacável cultura de consumo da América". O som era cru, mas os arranjos eram sofisticados (alguns dos músicos de sessão ficaram chocados ao saber que deveriam ler do papel com Zappa os conduzindo, o que não era padrão em uma gravação de rock.). As letras elogiavam a não-conformidade, criticavam autoridades, e tinham elementos dadaístas. Também havia lugar para canções de amor aparentemente convencionais. A maioria das composições eram feitas por Zappa, o que foi um precedente para o resto da sua carreira de gravações. Ele teve total controle dos arranjos e das decisões musicais e fez muitos overdubs. Wilson providenciou as conexões com a indústria para dar ao grupos os recursos financeiros necessitados. Durante a gravação de Freak Out, Zappa mudou-se para uma casa em Laurel Canyon com a amiga Pamela Zarubica, que apareceu no álbum. A casa tornou-se um lugar de encontro (e vivência) para muitos músicos de LA e groupies daquela época, apesar de Zappa desaprovar o uso de drogas por parte deles. Ele classificou pessoas sob efeito de drogas como "babacas em ação", e apenas fumou maconha algumas vezes sem nenhum prazer. Ele era um fumante regular de tabaco pela maior parte de sua vida, e forte crítico de campanhas antitabaco. Depois de uma curta turnê promocional seguindo o lançamento de Freak Out!, Zappa conheceu Adelaide Gail Sloatman. Ele se apaixonou dentro de "alguns minutos" e ela mudou-se para a casa dele durante o verão. Eles casaram-se em 1967
The Mothers of Invention:
Frank Zappa
Jimmy Carl Black
Ray Collins
Roy Estrada
Elliot Ingber
The Mothers' Auxiliary:
Gene Estes – percussion
Eugene Di Novi – piano
Neil Le Vang – guitar
John Rotella – clarinet, sax
Carol Kaye – 12-string guitar
Kurt Reher – cello
Raymond Kelley – cello
Paul Bergstrom – cello
Emmet Sargeant – cello
Joseph Saxon – cello
Edwin V. Beach – cello
Arthur Maebe – French horn, tuba
Motorhead Sherwood – noises
Kim Fowley - hypophone
Mac Rebennack – piano
Paul Butterfield – vocals
Les McCann – piano
Jeannie Vassoir – (the voice of Cheese)
Wilson produziu o álbum seguinte Absolutely Free (1967), que foi gravado em novembro de 1966 e depois mixado em Nova Iorque. Ele apresentava extensas performances do Mothers of Invention e focava em sons que definiram o estilo de composição de Zappa, com uma introdução abrupta e mudanças de ritmo nas canções, que eram feitas de diversos elementos. Exemplos são "Plastic People" e "Brown Shoes Don't Make It", que contêm letras críticas da hipocrisia e conformidade da sociedade americana, mas também da contracultura dos anos 1960. Como Zappa colocou, "Nós somos sátiros, e nós estamos aqui para satirizar tudo." Na mesma época, Zappa gravou material para um álbum produzido por ele mesmo, baseado em trabalhos orquestrais, para ser lançado sob o seu nome. Devido a problemas contratuais, as gravações foram arquivadas e apenas finalizadas para serem lançadas no final de 1967. Zappa aproveitou a oportunidade para reestruturar radicalmente o seu conteúdo, adicionando novas gravações, diálogos improvisados para finalizar o que tornou-se o seu primeiro álbum solo (sob o nome de Francis Vincent Zappa, Lumpy Gravy (1968). É um "incrível ambicioso projeto musical" um "monumento a John Cage", que entrelaça temas orquestrais, palavras faladas e barulhos eletrônicos através de técnicas radicais de edição de áudio.
The Mothers of Invention
Frank Zappa
Jimmy Carl Black
Ray Collins
Roy Estrada
Billy Mundi
Don Preston
Jim Fielder
Bunk Gardner
Additional personnel
Suzy Creamcheese (Lisa Cohen) – vocals on "Brown Shoes Don't Make It"
John Balkin – bass on "Invocation & Ritual Dance of the Young Pumpkin" and "America Drinks"
Jim Getzoff – violin on "Brown Shoes Don't Make It"
Marshall Sosson – violin on "Brown Shoes Don't Make It"
Alvin Dinkin – viola on "Brown Shoes Don't Make It"
Armand Kaproff – cello on "Brown Shoes Don't Make It"
Don Ellis – trumpet on "Brown Shoes Don't Make It"
John Rotella – contrabass clarinet on "Brown Shoes Don't Make It"
Herb Cohen – cash register machine sounds on "America Drinks & Goes Home"
Terry Gilliam, girlfriend and others – voices in "America Drinks & Goes Home"
Musicians:
Abnuceals Emuukha Electric Symphony Orchestra
Frank Zappa
The Mothers of Invention tocou em Nova Iorque no final de 1966 e foi ofertada com um contrato no Garrick Theater durante a páscoa de 1967. Isso se provou bem-sucedido e Herb Cohen aumentou o contrato, que ao fim durou quase um ano. Como resultado, Zappa e sua esposa, juntamente com a Mothers of Invention, mudaram-se para Nova Iorque. Os seus shows tornaram-se uma combinação de atos improvisados mostrando talentos individuais da banda assim como performances da música de Zappa. Tudo era dirigido pelos famosos sinais de Zappa com a mão. Convidados para apresentações e a participação da audiência tornaram-se parte regular dos shows no Garrick Theater. Estabelecida em Nova Iorque e apenas interrompida pela primeira turnê europeia da banda, a The Mothers of Invention gravou o álbum largamente classificado como o auge do trabalho do grupo no final da década de 1960, We're Only in It for the Money (lançado em 1968). Ele foi produzido por Zappa, com Wilson creditado como o produtor executivo. A partir de lá, Zappa produziu todos os álbuns lançados pelo Mothers of Invention e como artista solo. We're Only in It for the Money trouxe algumas das mais criativas edições de áudio já ouvidas na música pop, e canções satirizando impiedosamente a cultura hippie e o fenômeno flower power. A foto de capa parodiava o álbum Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. A arte da capa foi feita por Cal Schenkel, que Zappa conheceu em Nova Iorque. Isso iniciou uma colaboração que continuou pelo resto de sua vida, na qual Schenkel desenhou capas de muitos álbuns de Zappa e dos Mothers.
The Mothers Of Invention:
Frank Zappa
Ray Collins
Roy Estrada
Jimmy Carl Black
Billy Mundi
Ian Underwood
Don Preston,
Bunk Gardner
Motorhead Sherwood.
Personnel:
- Frank Zappa – guitar, piano, vocals, voices
- Dick Barber – vocals
- Jimmy Carl Black – trumpet, drums, vocals, indian
- Roy Estrada – electric bass, vocals
- Bunk Gardner – woodwind
- Billy Mundi – drums, vocals
- Don Preston – keyboards
- Euclid James "Motorhead" Sherwood – baritone saxophone, soprano saxophone, voices
- Suzy Creamcheese – telephone voice
- Ian Underwood – piano, keyboards, voices, woodwind
- Pamela Zarubica – vocals
+
- Eric Clapton – Male speaking part in "Are You Hung Up?" and "Nasal Retentive Calliope Music"
- Gary Kellgren – "the one doing all the creepy whispering" (i.e., interstitial spoken segments)
- Spider Barbour – vocals
- Dick Kunc – "cheerful interruptions" vocals
- Vicki Kellgren – additional telephone vocals
- Sid Sharp – orchestral arrangements on "Absolutely Free", "Mother People" and "The Chrome Plated Megaphone of Destiny"
Refletindo o gosto eclético de Zappa para a música, o próximo álbum, Cruising with Ruben & the Jets (1968), foi muito diferente. Ele representou uma coleção de canções de doo-wop; ouvintes e críticos não estavam seguros de se o álbum era uma sátira ou um tributo. Zappa comentou que o álbum foi concebido no modo em que composições de Stravinsky estavam no seu período neo-clássico: "Se ele pôde tirar formas e clichês da era clássica e pervertê-la, por que não fazer o mesmo ... para o doo-wop nos anos 50?" Um tema de A Sagração da Primavera de Stravinsky é ouvido durante uma canção.
Personnel:
- Frank Zappa - low grumbles, oo-wah and lead guitar (also drums, piano, bass), producer
- Ray Collins - lead vocals
- Roy Estrada - high weazlings, dwaedy-doop & electric bass
- Jimmy Carl Black and/or Arthur Dyer Tripp III - lewd pulsating rhythm
- Ian Underwood or Don Preston - redundant piano triplets
- Motorhead Sherwood - baritone sax & tambourine
- Bunk Gardner and Ian Underwood - tenor and alto saxs
Recorded at California State University, Fullerton, CA - November 8, 1968
Frank Zappa: lead guitar/vocal
Lowell George: guitar/vocal
Roy Estrada: bass/vocal
Don Preston: keyboards/electronics
Buzz Gardner: trumpet
Bunk Gardner: tenor sax
Motorhead Sherwood: baritone sax
Jimmy Carl Black: drums
Arthur Dyer Tripp III: drums
+
Larry "Wild Man" Fischer: guest vocals
California State College, Fullerton, 08-Nov-1968
Frank Zappa
Jimmy Carl Black
Bunk Gardner
Don Preston
Jim Sherwood
Roy Estrada
Arthur Dyer Tripp III
Special guests:
Larry "Wild Man" Fischer and Don Cherry (?)
Recorded at The Ark, Boston - July 8, 1969
Frank Zappa: lead guitar/vocal
Roy Estrada: bass/vocal
Don Preston: keyboards/electronics
Buzz Gardner: trumpet
Ian Underwood: alto sax, piano
Bunk Gardner: tenor sax
Motorhead Sherwood: baritone sax
Jimmy Carl Black: drums
Arthur Dyer Tripp III: drums
E aí! Zappa da sozinho pra um BLOG COMPLETO!
ResponderExcluirGran trabajo.
Eu convido você a comentar, passa por meu post, e só desta vez.
Saludos!
EXCELENTE!!!!! MUCHAS GRACIAS POR TAN VALIOSO ESFUERZO Y QUERER COMPARTIRLO!!!!! DESDE MÉXICO!!!!
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