O órgão Hammond é um órgão eletro-mecânico desenvolvido e construído por Laurens Hammond em torno de 1934. Enquanto originalmente vendido para igrejas como uma alternativa de baixo custo ao órgão de tubos, acabou sendo usado para o jazz e o blues, e então para uma extensão do rock and roll (nas décadas de 1960 e 1970) , música gospel. No reggae também foi muito utilizado, nas produções feitas antes mesmo do que conhecemos por reggae em meados da década de 1960 no fim, e no início da década de 1970. Um gênero que muito utilizava arranjos bem trabalhados no Hammond era o Skinhead Reggae, nada mais do que o reggae cru na sua primeira forma.
Laurens Hammond visava que seus órgãos substituíssem os órgãos de tubos e o piano para residências de classe média e para uso em estações de rádio. Nos primeiros anos de produção foi isso que aconteceu, mas na década de 1950 músicos de jazz como Jimmy Smith começaram a usar o som distinto do instrumento. Na década de 1960 o Hammond tornou-se popular entre grupos de pop. Ele foi parte relevante do som inovador das bandas de rock Deep Purple e Uriah Heep no início da década de 1970, quando teve seu ápice de popularidade, até a proliferação dos sintetizadores, em especial os polifônicos.
Há uns tempos atrás, vi um post da Consultoria do Rock tão bacana que resolvi reproduzí-lo aqui no Valvulado. Também sou um grande admirador dos orgãos Hammond, e curto demais as bandas que o usam. Segue o post com o link abaixo. Parabéns Consultoria do Rock pelas excelentes informações e resenhas.
(http://consultoriadorock.blogspot.com.br/2012/11/cinco-discos-para-conhecer-o-hammond-no.html#!/2012/11/cinco-discos-para-conhecer-o-hammond-no.html)
Cinco discos para conhecer "O Hammond no Rock"
Por Ronaldo Rodrigues
Hoje esse nome pode ser até desconhecido, mas tempos atrás ele era um dos teclados mais cobiçados e utilizados pelos tecladistas do universo do rock. Até a entrada dos anos 80, das bandas que utilizavam teclados (e até de várias que não contavam com tecladistas fixos) é possível contar nos dedos quantas bandas não tenham utilizado ao menos uma vez os lendários órgãos Hammond e sua sonoridade característica e icônica. Seja no rock pesado, progressivo, experimental, jazz, blues, pop, soul, funk, folk, os órgãos Hammond marcaram época. Ainda mais com a dobradinha que fizeram com os amplificadores Leslie, um tipo bastante distinto de caixa de som, que ajudou o Hammond a ter uma sonoridade fantástica e muito cativante.
Criado com intuito litúrgico, para substituir as pesadas estruturas dos órgãos de tubos das igrejas, o órgão Hammond acabou caindo no gosto popular devido ao uso maciço por alguns músicos do jazz apaixonados por sua sonoridade leve, como Jimmy Smith, que difundiu seu timbre no jazz e em outros estilos, e desde então é rapidamente associado ao instrumento.
Nesta seção apresentaremos alguns discos de rock onde o Hammond aparece com destaque e alguns músicos que ficaram marcados pela forma com a qual o utilizaram.
O Atomic Rooster tinha como cabeça o tecladista Vincent Crane. Do primeiro disco, lançado em fevereiro de 1970, a banda passou por uma reformulação total em sua formação, com a baixa principal do baterista Carl Palmer, que foi ganhar o mundo com o supergrupo Emerson Lake & Palmer. O som do Atomic Rooster ficou mais pesado e agressivo na nova formação, com o baterista Rick Parnell, o guitarrista e vocalista John Duccan e Vicent Crane cuidando dos teclados (com os quais também fazia as linhas de baixo). A primeira faixa, que dá nome ao álbum , tem uma presença bem discreta do Hammond, privilegiando o piano; dali em diante, segure-se na cadeira, porque vem um bombardeio da sonoridade do instrumento, seja duelando com a guitarra ou fazendo solos enérgicos. Apenas pro final do disco que a coisa dá uma aliviada com a climática “Nobody Else”, conduzida ao piano; porém o fechamento é triunfante com o Hammond poderoso em “Gershatzer”, alternando momentos de pretensão sinfônica a outros mais experimentais, onde Vincent faz o instrumento roncar e gemer.
Vincent Crane (órgão Hammond, piano, vocais), John Du Cann (guitarra, vocais), Paul Hammond (bateria, percussão)
1.Death Walks Behind You
2. VUG
3. Tomorrow Night
4. Seven Lonely Streets
5. Sleeping For Years
6. I Can't Take No More
7. Nobody Else
8. Gershatzer
Jon Lord é um dos tecladistas mais famosos e lendários do rock, indiscutivelmente. Sua trajetória com o órgão Hammond é plenamente reconhecida, inclusive por ter se mantido fiel ao instrumento mesmo nos anos 80, quando a popularidade do instrumento decresceu muito. No início da carreira do Deep Purple, Jon se valia das características mais clássicas do instrumento, mas quando o Deep Purple resolveu dar uma guinada e tornar-se uma banda de rock pesado, ele passou a experimentar a liga do Hammond com amplificadores Marshall, de forma a poder preencher o som em pés de igualdade com a guitarra de Ritchie Blackmore. Mas a partir de Burn, Jon Lord voltou a usar a clássica combinação do Hammond com a caixa Leslie. Sobre o disco é desnecessário falar, já que trata-se de uma pedra fundamental do rock dos anos 70. A abertura do disco já traz um dos momentos mais belos do Hammond no rock e da carreira de Jon Lord, um solo simplesmente espetacular. A introdução de “Might Just Take Your Life” mostra o poder do som desse teclado, uma sonoridade quente e valvulada, que casa maravilhosamente com o groove da canção. Não são em todas as faixas de Burn que temos a presença do Hammond, mas onde ele apareceu, o fez para entrar para a história sobre as mãos do maestro Jon Lord. Em “You Fool no One” o Hammond tem uma participação quase percussiva, com uma técnica muito utilizada também por outro grande tecladista, Greggie Rolie, que tocava com Santana (cujos primeiros discos, juntos com estes, são excelentes exemplares de órgão Hammond tocado com feeling). E em “Mistreated”, o onipresente órgão Hammond cria a atmosfera perfeita pra todas as emoções da canção.
Ritchie Blackmore (guitarra, violões), Glenn Hughes (baixo, vocais), David Coverdale (vocais), Jon Lord (órgão Hammond, sintetizador, piano), Ian Paice (bateria, percussão)
1. Burn
2. Might Just Take Your Life
3. Lay Down, Stay Down
4. Sail Away
5. You Fool No One
6. What's Goin' On Here
7. Mistreated
8. A-200
Keith Emerson foi um dos responsáveis por decretar que o Hammond seria fundamental dentro do rock progressivo, desde sua época no The Nice. Além de tocar com técnica invejável, sua postura frenética no instrumento evoluiu em poucos anos para uma maneira performática e até acrobática de tocar! Emerson, pelo meio do caminho, literalmente destruiu alguns Hammonds, pendurando-se sobre eles, enfiando facas, rodando o instrumento ou o balançando. Em Tarkus, Emerson, junto de seu genial supergrupo, colocou o órgão Hammond a serviço de uma música extremamente complexa e hermética. A suíte “Tarkus”, com sua intensa poliritmia e variações harmônicas, é praticamente um esgotamento do instrumento e só por ela, já valeria mencionar o disco como referência em se tratando de órgão Hammond na música em geral. As demais músicas do disco apresentam Emerson trabalhando mais no piano acústico, a exceção de “A Time and a Place”, onde seu Hammond pretende soar como uma guitarra fazendo riffs.
Keith Emerson (órgão Hammond, Minimoog, Sintetizador, piano), Greg Lake (baixo, vocais, guitarras), Carl Palmer (bateria, percussão, sinos tubulares)
1. Tarkus
2. Jeremy Bender
3. Bitches Crystal
4. The Only Way (Hymn)
5. Infinite Space (Conclusion)
6. A Time and a Place
7. Are You Ready Eddy?
Poderia ser incluído nesta lista qualquer disco de estúdio do Focus, já que o tecladista, flautista e vocalista do grupo holandês, Thijs Van Leer, é um músico que não abre mão do Hammond em seus trabalhos. Mas a escolha desse ao vivo deve-se ao fato dele ser “100% Hammond”. Em estúdio, Thijs também utilizava piano, mellotron e sintetizadores. Ao vivo, apenas seu imponente Hammond B3 domina o palco. É difícil destacar algum momento nesta performance do Focus no teatro inglês Rainbow, pois ela é simplesmente soberba, representa a banda no ápice em sua mais clássica formação, e a sonoridade do Hammond perpassa todo o disco, seja em acompanhamento suaves ou em vibratos pra lá de expressivos. Thijs Van Leer tem o grande mérito de utilizar plenamente os recursos do Hammond a favor das composições, como se o instrumento e a diversidade de matrizes que suas regulagens permitem fosse parte integrantes de suas músicas, sendo praticamente impensáveis para outro tipo de teclado. A introdução de “Focus II” é de uma beleza indescritível, ainda mais abrilhantada pelo som aveludado do Hammond.
Thijs Van Leer (vocais, órgão hammond, flauta), Jan Akkerman (guitarra, violão, alaúde), Pierre Van der Linden (bateria, percussão), Bert Ruiter (baixo, vocais)
1. Focus III
2. Answers? Questions! Questions? Answers!
3. Focus II
4. Eruption
5. Hocus Pocus
6. Sylvia
7. Hocus Pocus (Reprise)
A abertura do disco com “Sunrise”, em poucos segundos, mostra a capacidade do Hammond de passar de um cândido som para um misto de frequências muito expressivo. Ken Hensley, que pilota as teclas do Uriah Heep sabe muito bem com fazer esse tipo de transição; passar o Hammond de um som quase litúrgico, como na introdução de “Circle of Hands”, para um som demoníaco e extravagante, como no pirado solo de “Gypsy” ou nas bases de “Look at Yourself”. Esse disco ao vivo, que registra uma performance do Uriah Heep em Birmingham, mostra o poder de fogo do órgão Hammond a serviço do rock pesado. O Hammond está presente em todas as faixas, exceto em “Tears in My Eyes”, em que Ken Hensley acompanha Mick Box na guitarra.
David Byron (vocais), Mick Box (guitarra, violões, vocais), Gary Thain (baixo, vocais), Ken Hensley (órgão Hammond, guitarras, vocais, violões), Lee Kerslake (bateria, percussão)
1. Sunrise
2. Sweet Lorraine
3. Traveller in Time
4. Easy Livin'
5. July Morning
6. Tears in My Eyes
7. Gypsy
8. Circle of Hands
9. Look at Yourself
10. The Magician's Birthday
11. Love Machine
12 Rock 'n' Roll Medley
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E apenas para complementar, um som mais Jazz-Funk-Blues com um som do Hammond mais swingado... Simplesmente adoro este discão.
Blue Note's "So Blue, So Funky" is a 12-track compilation that highlights the funkiest soul-jazz organists that recorded for the label, whether it was a leader or as a sideman.
Although there's a handful of cuts from the early '60s, such as "Face to Face" by the terrific, underrated "Baby Face" Willette, the compilation leans toward the funky fusions of the late '60s, such as "Big" John Patton's "Fat Judy", Lou Donaldson's "Everything I Do Is Gon' Be Funky (From Now On)", Jack McDuff's "Butter (For Yo' Popcorn)" and Grant Green's "Ain't It Funky Now".
The best thing about this comp is that even though it has familiar names, not all of the material is readily available on CD, which makes it of interest to casual groove fans and serious collectors alike.
01. Jimmy McGriff - All About My Girl [03:57]
02. "Big" John Patton - The Silver Metre [05:39]
03. Jimmy Smith - I'm Movin' On [05:15]
04. Freddie Roach - Brown Sugar [04:20]
05. Fred Jackson - Hootin' 'N' Tootin' [04:32]
06. "Baby Face" Willette - Face To Face [06:15]
07. Larry Young - Plaza De Toros [09:37]
08. George Braith - Boop Bop Bing Bash [06:24]
09. "Big" John Patton - Fat Judy [07:39]
10. Lou Donaldson - Everything I Do Gonh Be Funky (From Now On) [05:29]
11. "Brother" Jack McDuff - Butter (For Yo' Popcorn) [04:07]
12. Grant Green - Ain't It Funky Now [09:52]